quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Grécia Antiga


Os cretenses: início da civilização Grega

Creta desenvolveu-se, entre aproximadamente 2000 e 1400 a.C, uma das mais brilhantes civilizações da Antiguidade: a civilização cretense. Essa civilização tinha conhecimento da escrita, desenvolveu uma rica produção artesanal e um imenso comércio marítimo. A expansão marítima e o consequente contato com várias civilizações desenvolvidas da época levaram os cretenses a construir uma grandiosa civilização.

Os cretenses habitavam a ilha de Creta, situada no Mar  Mediterrâneo, entre a Grécia, a Ásia Menor e o Egito. Sua posição geográfica era quase um traço de união entre a Ásia, a Europa e a África. Está no sul do mar Egeu e é a segunda maior ilha do mar Mediterrâneo oriental e a quinta maior de todo aquele mar. Segundo um mito, era naquela ilha que vivia o minotauro. A capital da ilha é a cidade de Iráclio.
Palácio de Cnossos

Não há muitas informações sobre a história de Creta, pois a escrita minóica, que era utilizada pelo povo cretense, ainda não foi totalmente decifrada. A escrita minóica era semelhante aos hieróglifos egípcios, formada por pequenas figuras e símbolos, a escrita Linear A.

A área do comércio de Creta abrangia as ilhas vizinhas do Mar Egeu, a ilha de Chipre, a Síria, de onde traziam metais para suas oficinas, e o Egito, de onde traziam marfim e perfumes. Possuíam um sistema de pesos e medidas semelhante ao dos egípcios e mesopotâmicos. Em Creta surgiu, pela primeira vez, um a civilização que tinha muito poder por dominar os mares, o que, recebeu o nome de talassocracia.

Provavelmente por volta do século XIV a.C., Creta foi dominada pelos aqueus, povo que invadiu a região da Grécia e estabeleceu-se na cidade de Micenas. Da união de culturas dos dois povos surgiu a civilização creto-micênica, ponto de partida para a brilhante cultura grega.

A civilização miscênica

A invasão que os Aqueus fizeram sobre o território grego demonstrou a superioridade desse grupo, que passou então a reprimir os pelágios e ocupar os seus terrenos mais férteis. Em pouco tempo, os Aqueus se tornaram superiores na Grécia e passaram, inclusive, a ser identificados como o povo grego.

O novo povo submeteu a ilha de Creta e estabeleceu sua forma econômica e de cultura. Os Aqueus eram grandes e fortes comerciantes e acabaram dominando economicamente também toda região do Mediterrâneo Oriental. Foram os fundadores de importantes cidades antigas que se tornaram grandes núcleos populacionais e comerciais como Micenas, Tirinto e Argos.

O desenvolvimento que os Aqueus tiveram na região gerou a chamada civilização micênica que representou a grande soberania desse povo durante muitos séculos. A decadência só aconteceu por volta de 1100 a.C. quando a civilização micênica entrou em conflito com a civilização cretense. Mas a destruição da civilização micênica que era tão bem estabilizada a avançada em sua época foi tão impactante para a Grécia que após sua desestruturação os gregos passaram por um período de aproximadamente 150 anos conhecido como Idade das Trevas.

Foram também os Aqueus que combateram os troianos na famosa Guerra de Tróia. Quando se diz que houve um conflito entre gregos e troianos, na verdade a expressão correta seria um conflito entre Aqueus e troianos.


O Genos - Período Homérico


O Período Homérico cuja principal fonte de informação são as obras de Homero, Ilíada e  Odisseia,representa uma nova fase na estruturação da sociedade grega em decorrência da invasão dos dórios no período anterior. O novo povo encerrou a cultura creto-micênica que esteve presente por séculos e em seu lugar deu início a cultura gentílica.
O poeta Homero

Com a desestruturação da civilização creto-micênica, a Grécia estabeleceu uma série de transformações que fundaram um novo cenário social, econômico e político. Nessa época, temos a formação do genos (propriedades em que uma grande família se matinha unida em torno da exploração econômica de uma mesma parcela de terras). Não havendo um proprietário, a riqueza produzida pelos membros de um genos era dividida entre seus integrantes.

No campo político, os genos eram comandados por um líder comunitário chamado pater, que exercia funções de caráter judicial, administrativo e religioso. Mesmo com a divisão igualitária dos bens, o grau de parentesco com o chefe do genos era capaz de definir algumas distinções sociais. Com a vindoura desestruturação da comunidade gentílica, a proximidade com o pater seria elemento determinante para um novo rearranjo social das populações gregas.

Ao longo do tempo, os genos teriam sérias dificuldades para sustentar toda a população que estava sob o seu domínio. As técnicas agrícolas pouco desenvolvidas não conseguiam acompanhar a velocidade com que as comunidades gregas se ampliavam. Durante algum tempo, o uso de terras menos férteis, a ampliação da mão de obra e a especialização do trabalho foram algumas alternativas que buscaram contornar essa situação.

Contudo, além dos problemas de produtividade, os genos se transformaram em palco de novas tensões sociais. Os parentes mais distantes do pater reivindicaram melhores condições de vida ao estarem insatisfeitos com a diminuição da renda familiar. Progressivamente, os bens que eram utilizados de maneira coletiva foram divididos entre os membros do genos. Aqueles que eram mais próximos do pater acabaram sendo privilegiados com as melhores terras.

A desintegração das comunidades agravou esse processo de diferenciação entre as classes sociais. Por um lado, temos uma parcela de privilegiados que mantinha o controle das melhores propriedades, monopolizavam as armas e conduziam as festividades religiosas. Por outro, pequenos proprietários, artesãos e trabalhadores livres se subordinavam ao poder dos grupos sociais mais abastados. As sociedades gentílicas passaram a ser controladas por aqueles que controlavam os instrumentos de poder.

Com o passar do tempo, as elites dos genos com afinidades culturais mais visíveis se uniram em grupos maiores que poderiam assegurar o controle de suas propriedades. Surgiam assim as chamadas fratrias. A reunião destas fratrias eram, por sua vez, responsáveis pelo desenvolvimento das tribos que, quando se reuniam, davam origem ao demos. Por meio da ampliação dessas organizações temos a formação das primeiras  cidades-Estado (pólis) da Grécia Antiga e o fim das comunidades gentílicas.

Os gregos e suas "colônias"


Ao adotar esse sistema de partilha dos bens, levando ainda em consideração o crescimento demográfico, a população grega passaria a sofrer com a escassez de terras. Com isso, gerou-se um tenso quadro social que somente viria a ser resolvido quando as próprias cidades gregas, entre os séculos VIII e VI a.C., buscaram ocupar outras regiões do Oriente e ao longo da orla mediterrânea. Foi a partir daí que observamos a formação das chamadas colônias gregas.

Inicialmente, a formação das novas colônias aconteceu de forma não planejada, sendo as ocupações feitas de forma espontânea. Contudo, essas iniciativas viriam a sofrer a intervenção das polis gregas, que regulariam a colonização de acordo com as necessidades do governo. Com essa mudança, os colonos passariam a obedecer às determinações do oikiste, líder que organizava a administração da colônia. Além disso, as regiões seriam escolhidas por meio de sua posição favorável a (à) navegação.

Em cada lugar conquistado, um ritual era realizado antes da demarcação dos lotes de terra. Cada colônia mantinha relações econômicas e culturais com a pólis que primeiramente ocupou a região. Nos primeiros anos de exploração, a colônia sustentava uma economia de caráter essencialmente agrário integrado às demandas da cidade com a qual mantinha vínculo. Contudo, com o passar do tempo, também poderiam vir a realizar outras atividades no campo do comércio e do artesananto.

Uma das primeiras regiões ocupadas foi a Trácia, ao norte do Mar Egeu, onde os gregos encontraram uma grande disponibilidade de terras férteis e regiões ricas em metais precisos. Em pouco tempo, a ocupação desse espaço permitiu a formação de novas rotas comerciais que abriram caminho para a colonização do Mar Negro. Nesse processo, observamos a formação de novas cidades mercantis como Bizâncio, hoje conhecida como Istambul, e Abidos.

Ao alcançarem a região litorânea do Mar Negro, os gregos passariam a conhecer outros lugares para além do mar Egeu e enfrentariam águas agitadas para, então, criarem outras colônias como Queroneso, Odessa e Tânais. Essas cidades tinham a importante função de proteger as rotas que ligavam o mundo grego ao Oriente e ainda promoviam o fornecimento de cereais, peixes, frutas e madeira para as cidades gregas.

Paralelamente, os gregos ainda teriam interesse em tomar posse das regiões localizadas ao sul do mar Mediterrâneo, onde já havia grandes civilizações ocupando tal espaço. Apesar de tal empecilho, dominaram a ilha de Chipre e, nas regiões próximas ao Egito, fundaram as cidades de Náucratis e Cirene. Partindo para o Ocidente, estabeleceram na Península Itálica colônias como Tarento, Crotona, Nápoles, Cumas, Messina e Siracusa, que seriam conhecidas como integrantes da Magna Grécia.



Período Arcaico (Esparta)
Esparta, uma das primeiras cidades-estados a surgir na Grécia, foi fundada no século IX a.C pelos invasores dórios, na fértil Planície da Lacônia, às margens do Rio Eurotas. Os aqueus que ali viviam ou se aliaram aos invasores, ou foram escravizados, ou fugiram. O nome da cidade veio de uma planta da Lacônia.

Transformações culturais
Com as mudanças estruturais do século VII a.C Esparta regrediu culturalmente. O governo passou a estimular o laconismo, a xenofobia e a xenelasia. O laconismo consistia em falar tudo em poucas palavras, o que limitou a capacidade de raciocínio e o espírito crítico dos espartanos. A xenofobia e a xenelasia (aversão e expulsão de estrangeiros) impediam o contato com idéias inovadoras, consideradas subversivas para o sistema. Esparta organizou um sistema de educação para reforçar ainda mais o status quo. Os cidadãos deviam viver para o estado, guerrear o inimigo e procriar filhos para fortalecer o exército. Isso explica a relativa liberdade sexual; até o empréstimo de esposas era muito comum, já que a finalidade era fornecer filhos ao estado. Os anciãos examinavam todo recém-nascido. Se não fosse robusto e sem defeitos, era lançado do alto do Monte Taigeto. As crianças ficavam com as mães até os sete anos.

Eram então entregues ao estado, que lhes dava educação cívica até os 12 anos. Os meninos, nessa idade, iam para o campo, onde deviam sustentar-se por conta própria. Dormiam ao ar livre, em camas de bambu, que colhiam com as mãos, às margens do Rio Eurotas. Comiam o que roubavam. Se fossem apanhados roubando, eram espancados até morrer, não pelo roubo, mas pela demonstração de inabilidade. Aos 17 anos, os rapazes passavam pela Kripta, ou brincadeira de esconde-esconde, uma prova de habilidade: de dia, espalhavam-se pelo campo, munidos de punhais, e à noite deviam degolar quantos escravos conseguissem apanhar. Quem passava pela prova, tornava-se maior e recebia um lote de terra. Ia viver como soldado no quartel, tomando apenas uma refeição por dia (sicitia) ao cair da tarde.

Os espartíatas não podiam casar até os 30 anos de idade, apenas coabitar. A partir dos 30, podiam participar da Assembléia, casar e deixar o cabelo crescer. Aos 60 anos, aposentavam-se do exército e podiam tormar parte no Conselho de Anciãos. Essa educação contribuía para eliminar uma parte dos escravos e facilitava o domínio sobre eles, pelo terror. Mas também contribuía para limitar o aumento da população espartíata, pois muitos filhos morriam logo ao nascer, recusados pelos velhos e lançados do Tiageto; ou desapareciam durante a fase militar da educação, de fome, frio, castigos ou na luta contra escravos. As mulheres só casavam caso se ajustassem perfeitamente com o companheiro. Gozavam de muita liberdade; em geral, possuíam riquezas, recebidas em herança ou conseguidas no comércio, atividade proibida aos homens. A conclusão é que o estado espartano adotou um tipo de organização adequado para evitar mudanças radicais, para que a minoria dória pudesse dominar a maioria escrava. Esparta permaneceu nesse sistema até o século VI a.C.

Período Arcaico (Atenas)
Atenas surgiu numa planície, a poucos quilômetros do mar e protegida por colinas, na Ática, uma península do Mar Egeu. A situação geográfica a protegeu das invasões, principalmente dos dórios. Os povoadores eram arianos aqueus, jônios e eólios; mas os atenienses se consideram jônios. Como em toda a Grécia, os povoadores da Ática assimilaram os primitivos habitantes, os pelágios. Num processo que durou séculos e se completou por volta do século X a.C, as aldeias da Ática aglutinaram-se pacificamente (cinescismo). Atenas tornou-se a capital da nova polis.

Entre suas colinas, destacava-se uma rocha de 100 metros de altura, sobre a qual os atenienses construíram a Acrópole, ao mesmo tempo santuário e fortaleza. Segundo a lenda, o fundador de Atenas foi Teseu, o vencedor do Minotauro de Cnossos, que teria percorrido as aldeias da Ática, para convencer os habitantes e reconhecer a supremacia ateniense. No século VIII a.C a economia de Atenas era ainda essencialmente rural. Mas as atividades artesanais e comerciais já ultrapassavam os limites da Ática. A camada social dominante era constituída pelos eupátridas, grandes proprietários de terras férteis, cultivadas por escravos, rendeiros ou assalariados.

Os artesãos (demiurgos) eram trabalhadores livres. Os eupátridas monopolizavam o poder monárquico e hereditário, encabeçado pelo Basileus, o rei: chefe de guerra, juiz e sacerdote. O Areópago, Conselho de Aristocratas, limitava o poder ao Basileu. Aos poucos, o Basileu perdeu poder para o Arcontado, que passou a governar com apoio do Aerópago. Os membros do Arcontado eram os arcontes, escolhidos inicialmente para um período de 10 anos, depois um ano. Cada arconte ou grupo de arcontes cuidava de uma área: exército, religião, assuntos internos, legislação. O regime de governo passou de monárquico a oligárquico.

Os legisladores (621-593 a.C)

Em 623 a.C um jovem aristocrata ateniense, Cílion, tentou tomar o poder, mas foi assassinado por Mégacles e seus seguidores aristocratas. O partido aristocrático foi então obrigado a fazer reformas, para acalmar o partido democrático (popular). Surgiram os legisladores, uma tentativa de solução reformista para a crise política de Atenas. Em 621 a.C, Drácon foi encarregado de preparar uma legislação. Até então, a legislação era apenas oral. Drácon impôs a pena de morte para a maioria dos crimes; e a severidade de suas leis era tamanha que, 27 séculos depois, draconiano continua sendo um adjetivo sinônimo de rigoroso, cruel. Sua legislação, porém, teve a importância de passar a administração da justiça das mãos dos eupátridas para o estado, que se fortaleceu. Só que, no plano político, nada mudou.
Dracon

Os eupátridas mantiveram o monopólio do poder. Antes, estavam apoiados no costume; agora, na lei escrita. Como a legislação de Drácon não resolveu a crise, em 594 a.C foi indicado como novo lesgislador: Sólon, aristocrata de nascimento, comerciante de profissão. Suas reformas abrangem os três aspectos fundamentais da vida ateniense. A importância da legislação de Sólon está em que promoveu reformas sem ceder ao reacionarismo dos eupátridas nem aos propósitos revolucionários das classes inferiores. Seu objetivo principal foi estabelecer uma justiça correta para todos, isto é, uma justiça baseada na igualdade de todos perante a lei (eunomia). As reformas de Sólon lançaram os fundamentos do futuro regime democrático de Atenas, implantado por Clístenes em 507 a.C.


A reforma de Clístenes (508-507 a.C)

Os princípios básicos da reforma de Clístenes eram: direitos políticos para todos os cidadãos; participação direta dos cidadãos no governo, por comparecimento à Assembléia ou sorteio, quando se tratava de escolher o ocupante de algum cargo. Os cidadãos eram 40 mil, numa população de 400 mil: 100 mil metecos (estrangeiros domiciliados em Atenas), 200 mil escravos e 60 mil mulheres e crianças, que não tinham direitos políticos. O sucesso da reforma resultou em nova divisão territorial, realizada por Clístenas. Ele dividiu a Ática em três regiões: litoral, cidade e interior. Cada região foi dividida em 10 unidades chamadas trities (ou demos). Clístenes organizou então 10 tribos, formando cada tribo em três trities, uma em cada região. Assim, por exemplo, a primeira tribo era composta por uma tritie do litoral, uma da cidade e uma do interior. Agrupando três a três as 30 trities existentes, resultaram as 10 tribos.

A tribo era formada, portanto, de elementos de todas as camadas sociais, quebrando o sistema de Sólon, baseado na origem regional e familiar. Todo cidadão devia inscrever-se numa tritie, perdendo com isso o nome da família, substituído pelo nome de sua tritie. Como o demos (tritie) era o elemento mais importante da reforma, o novo regime passou a chamar-se democracia, isto é, governo do demos, exercido por três poderes: Legislativo, Judiciário e Executivo. Clístenes organizou o governo com base na nova divisão territorial, adotando o método decimal para escolher os membros de cada tribo para formar o Conselho dos 500 (bulé); escolheu 10 arcontes, um por tribo; criou 10 unidades de infantaria (uma de cada tribo); 10 esquadrões de cavalaria; para comandar esses efetivos, escolheu 10 estrategos (generais).

O Poder Legislativo era composto pelo Conselho dos 500 (bulé) e pela Assembléia (Eclésia). Cada grupo de 50 membros do Conselho governava durante um mês (o calendário administrativo tinha 10 meses), com a função de preparar os projetos de lei. A Assembléia se reunia uma vez por mês para discutir os projetos. O Poder Judiciário estava a cargo de 6 mil cidadãos escolhidos por sorteio, 600 de cada tribo. A alta justiça, encarregada de julgar, sobretudo a constitucionalidade dos atos públicos, era exercida pelo Aerópago, o antigo órgão aristocrático, composto por ex-arcontes. O Poder Executivo, no início confiado aos arcontes, aos poucos passou para 10 estrategos, escolhidos pela Assembléia para um mandato de um ano. Um deles, o estratego-mor, exercia o cargo semelhante ao de presidente da República. Clístenes instituiu o ostracismo, suspensão de direitos políticos de cidadãos considerados nocivos ao estado. A votação do ostracismo se dava na Assembléia; usavam-se pedaços de cerâmica em forma de ostra (ostrakon), nos quais eram escritos os nomes dos culpados.

O cidadão que tivesse seu nome escrito mais de 6 mil vezes no Ostrakon, era exilado por 10 anos, sem confisco de bens. A reforma de Clístenes trouxe um período de estabilidade a Atenas, o que permitiu a formação de um sistema coeso, capaz de enfrentar com sucesso um longo período de perturbações externas, como as guerras pérsicas, que ajudaram a consolidar as instituições atenienses.

O período Clássico

O período Clássico foi o período das hegemonias e imperialismos no mundo grego (séculos V e IV a.C). A primeira potência dominante foi Atenas, seguida por Esparta e Tebas. As guerras médicas, ou pérsicas, projetaram a hegemonia ateniense, que durou até a Guerra do Peloponeso. Depois das hegemonias espartana e tebana, o mundo grego foi anexado por Filipe II ao reino da Macedônia e, na fase seguinte, ao Império Helênico de Alexandre Magno.

Guerras médicas
A causa das Guerras Médicas, ou Pérsicas, foi o conflito entre o mundo grego, em expansão, e o mundo bárbaro persa (os gregos chamavam os povos que não tinham cultura grega de bárbaros, “estrangeiros”). Depois que Ciro conquistou o Oriente Médio, o Império Persa continuou a crescer com Cambises e apefeiçoou sua organização com Dário I. O primeiro choque com os gregos começou na Ásia. Ao derrotar Creso, rei da Lídia, Ciro anexou toda a costa da Ásia, colonizada pelos gregos havia séculos. No início, os persas respeitaram a autonomia das cidades gregas, mas depois passaram a exigir impostos e contribuíram para que tiranos tomassem o poder. A região da Jônia se rebelou, principalmente a cidade de Mileto, com apoio de Atenas. Este foi o motivo imediato para a guerra total entre gregos e persas.
O auge ateniense ocorreu no governo de Péricles, depois do ostracismo de Címon. Péricles mereceu a confiança dos atenienses por 15 anos. Ele completou as reformas propostas por Efialtes (assassinado por aristocratas), instituindo o pagamento aos membros dos tribunais e da Assembléia abrindo o Arcontado às camadas inferiores; iniciou a construção de obras, tanto para embelezar a cidade e melhorar a defesa, quanto para empregar os desocupados; e o escultor Fídias, o poeta Sófocles, o historiador Heródoto e o filósofo Anaxágoras, seu guia.

A Conquista Macedônica e a civilização Helenística
Os macedônicos tinham origem ariana, como os gregos, que os consideraram bárbaros por muito tempo. Habitavam ao Norte da Grécia e mantinham-se isolados, ameaçados por inimigos de todo lado, como a Ilíria, a Trácia e o Épiro. Nem de saída para o mar dispunham e usavam o porto grego de Olinto para escoar os produtos de sua economia, agrária e atrasada. Sua organização política caracterizava-se pela concentração do poder nas mãos da nobreza da terra.

Filipe II organiza a Macedônia

Filipe tinha vivido em Tebas, por conta de uma promessa macedônia de ajuda militar aos tebanos, quando aquela cidade grega viveu seu curto período de hegemonia. Na Grécia, Filipe observou suas cidades-estados, enfraquecidas pelas guerras fatricidas; e familiarizou-se com a organização do exército tebano e com o uso das longas lanças de madeira introduzidas por Epaminondas.

Alexandre Magno e suas conquistas

Alexandre Magno, filho de Filipe II, tinha um caráter complexo. Considerava-se descendente de Aquiles por parte de mãe e de Hércules por parte de pai: um deus em potencial. A mãe, Olímpia, tinha ciúme doentio do marido Filipe, por causa de seus casamentos políticos; cultuava Dionísio e dormia enrolada em serpentes. Transmitiu ao filho o ódio por Filipe. Alexandre recebeu poderosa influência de Aristóteles, escolhido por Filipe para seu preceptor. O filósofo lhe incutiu o gosto pela cultura grega, pela Ilíada e a Odisséia, por Ésquilo e Eurípedes; e aversão pelos persas (Aristóteles os vira torturar um amigo até a morte, na Ásia Menor).

Alexandre assumiu o trono com uma Macedônia organizada e seu exército formado. Restavam dois problemas: a revolta das cidades gregas, após a morte de Filipe, e os numerosos herdeiros deixados pelo pai. Alexandre usou a violência. Arrasou as cidades gregas, exceto Atenas, mas inclusive Tebas, onde só ficaram de pé os templos e a casa de Píndaro. Convidou os irmãos por parte de pai para um banquete de divisão de herança e, no meio da festa, mandou assassinar todos. Precedido por Parmênion, que havia partido antes de Filipe morrer, Alexandre rumou para a Ásia com 40 mil homens, 12 mil deles na infantaria, o forte de seu exército.

Como líder supremo do helenismo, deveria libertar as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os persas. Venceu os sátrapas às margens do Rio Granico em 344 a.C e avançou para a Frígia, em cuja capital, Górdio, lhe apresentaram um nó inextricável, preso no timão de um carro. Um oráculo havia predito a sorte do conquistador da Ásia a quem o desatasse. Alexandre usou a violência: cortou o nó Górdio com um golpe de espada. Na planície de Issos, em 333 a.C, Alexandre pôs em fuga Dario III, que deixou para trás até a mãe, a mulher, as filhas e um grande espólio. Para anular o poderio marítimo dos persas, tomou o porto fenício de Tiro em 332 a.C. Rumou então para o Egito, onde foi recebido como salvador é, no templo de Amon-Rá, como o filho do deus. Recusando o acordo de paz oferecido por Dario III, derrotou-o em pleno centro do império persa em 331 a.C.

Uma a uma, caíram as cidades de Babilônia, Susa, Persépolis,. Dario acabou assassinado pelo sátrapa Besso, que depois Alexandre liquidou. Proclamado imperador persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio Indo e só não chegou ao rio Ganges porque os soldados se recusaram a segui-lo. De volta a Susa, desposou a filha de Dario e se preparava para nova campanha, provavelmente contra Cartago, no norte da África, quando o acometeu uma febre violenta. Morreu na Babilônia, em 323 a.C, com 33 anos, deixando um dos mais vastos impérios já criados até então.

O Império Desmorona

Alexandre deixou um herdeiro por nascer. Os generais então dividiram o Império entre si. O Reino da Macedônia, incluindo a Grécia, ficou com Antígono. O Reino do Egito, com Ptolomeu. A Ásia, com os selêucidas, descendentes de Seleuco, com duas capitais: Antioquia, na Síria; e Selêucia, na Mesopotâmia. Muito vasto e heterogêneo, este estado logo se desagregaria. Toda a Ásia menor se separou, dando origem aos reinos de Pérgamo, Galácia, Capadócia, Bitínia e Ponto Euxino (Mar Negro). A partir do século III a.C, todo o Planalto Persa constituiu o Reino dos Partas; e aos selêucidas restaram apenas a Síria e a Mesopotâmia. Entre 197 a.C e 31 a.C, os reinos helenísticos foram conquistados pelos romanos, verdadeiros herdeiros do Império de Alexandre Magno.


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