quarta-feira, 23 de maio de 2018

Guerras Mundiais


Documentário Guerras Mundiais Online Completo Dublado History Channel.

Minissérie em 6 episódios, que traz a história de uma geração de homens que lutaram como soldados nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e que se tornaram líderes na Segunda Guerra Mundial.
Hitler, Churchill, De Gaulle, MacArthur, Patton, Stalin e Mussolini hoje são conhecidas lendas globais, e fizeram parte das duas guerras sangrentas que abalaram a humanidade por 30 anos.
Desde as primeiras batalhas, eles souberam o quanto lhes custaria subir ao poder, lutando por suas vidas na linha de frente.
As lições que aprenderam ali os moldou, e os revelou quando o combate irrompeu de novo.
Alguns se tornaram heróis, forjados pela coragem debaixo de fogo; outros, despontaram como os vilões mais infames que o mundo já viu.
Reconstituir as guerras mundiais dessa forma, é contá-la através desses homens em uma abordagem única e inédita: a Primeira Guerra os mudou e na Segunda Guerra, eles mudaram o mundo.
As Guerras Mundiais contam a história de três décadas de guerra contadas pelos olhos de vários homens que eram seus principais atores: Roosevelt, Hitler, Patton, Mussolini, Churchill, Tojo, DeGaulle e MacArthur.
A série examina as duas guerras como uma linha de tempo contígua a partir de 1914 e concluindo em 1945 com esses indivíduos únicos que atingiram a maior idade na Primeira Guerra Mundial antes de finalmente chamar os tiros na Segunda Guerra Mundial.

Link dos vídeos abaixo:


http://www.freetela.net/guerras-mundiais-serie-documentario-dublado-history-channel/

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Brasil de 1945 a 1964





Governo Dutra


A pressão em torno da volta das instituições democráticas, fez com que Vargas acenasse favoravelmente para realização de eleições diretas. No final de 1945, uma nova assembléia constituinte foi eleita para, dessa forma, definir as bases do jogo político nacional. De acordo com a nova constituição, foi aprovada a existência das liberdades essenciais para o desenvolvimento de um novo processo eleitoral.



No novo pleito presidencial surgiram três candidatos: o general Eurico Gaspar Dutra (apoiado pelas alas trabalhistas do Partido Social Democrático e Partido Trabalhista Brasileiro); o brigadeiro Eduardo Gomes (candidato da União Democrática Nacional); e o civil Yedo Fiúza (filiado ao Partido Comunista Brasileiro). Contando com o decisivo apoio do presidente Vargas, Dutra conseguiu a vitória com mais da metade dos votos.



Estabelecendo-se em um cenário político internacional que marchava rumo ao bipolarismo político, Dutra optou por seguir a cartilha político-ideológica dos Estados Unidos. 


Reafirmando essa posição, seu governo colocou os comunistas na ilegalidade e cassou o mandato político de todos os parlamentares do PCB como o do renomado escritor Jorge Amado. Complementando esse conjunto de medidas pró-Estados Unidos, o governo rompeu relações diplomáticas com a União Soviética.

Escritor Pablo Neruda com Luís Carlos Prestes, presidente do PCB e Jorge Amado


A política econômica de Dutra foi marcada pela predominância de políticas liberais. Nessa época, o volume de importações brasileiras aumentou significativamente. Em pouco tempo as reservas econômicas do país diminuíram por causa do grande número de recursos utilizados para financiar a entrada de produtos importados. Consequentemente, a indústria nacional sofreu um período de recessão, que foi acompanhado pelo crescimento da dívida externa. 
No Governo Dutra abriu-se as portas" do Brasil para produtos importados



Nesse período, a condição dos trabalhadores piorou sensivelmente. O congelamento dos salários, inalterados desde 1942, e o aumento dos índices inflacionários encareceram o custo de vida da população. Por conseguinte, vários movimentos grevistas e manifestações foram deflagrados neste tempo. Um dos mais violentos protestos ocorreu com o aumento da tarifa dos ônibus e bondes na cidade de São Paulo, em 1947. Os protestos causaram a depredação de prédios públicos e confronto entre os rebelados e a polícia. O governo culpou diversas vezes os comunistas pela autoria desses episódios. 



A partir de 1947, algumas poucas medidas foram tomadas para se refrear a crise da economia. O governo estabeleceu medidas de controle sobre o câmbio e o volume de importações. Certo tempo depois, a economia nacional apresentava números positivos. Em 1949, aproveitando o surto de valorização do café, o país fechou o ano com uma balança comercial favorável. O ponto alto do governo deu-se com a criação do Plano Salte (sigla para Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). Com os problemas acumulados ao longo de sua administração, as metas desse plano não foram atingidas de maneira expressiva. 

Segundo Governo Vargas 

Em 1950, uma nova eleição começou a ganhar o cenário político nacional. Ainda sentindo a carência de personalidades políticas de âmbito nacional, a disputa daquele ano contou com poucos presidenciáveis. Apoiado por Dutra, o mineiro Cristiano Machado ergueu chapa com o PSD. Pela UDN, Eduardo Gomes disputava mais uma eleição. Enquanto isso, Getúlio Vargas articulou sua volta à presidência pelo PTB.

Candidatos Cristiano Machado, Getúlio Vargas e Eduardo Gomes


Coordenando amplo apoio político com o oferecimento de cargos, Getúlio Vargas conseguiu uma vitória que o levou de volta à presidência “nos braços do povo”. Uma das principais figuras a apoiá-lo na época foi o governador paulista Ademar de Barros, conhecido pelo slogan “rouba, mas faz”. Em uma época marcada por personalidades políticas populistas, Vargas garantiu sua vitória para o seu último mandato como presidente do Brasil.




Em 1951, Getúlio Vargas retornou ao posto de Presidente da República. Para voltar ao poder, o político gaúcho optou por deixar sua imagem política afastada dos palcos do poder. Entre 1945 e 1947, ele assumiu, de forma pouco atuante, o cargo de senador federal. Nas eleições de 1950, ele retornou ao cenário político utilizando de alguns dos velhos bordões e estratagemas que elogiavam o seu antigo governo.



Querendo buscar amplas alianças políticas, Getúlio abraçou setores com diferentes aspirações políticas. Em um período de Guerra Fria, onde a polarização ideológica era pauta do dia, Vargas se aliou tanto aos defensores do nacionalismo quanto do liberalismo. Dessa maneira, ele parecia querer repetir o anterior “Estado de Compromisso” que marcou seus primeiros anos frente à presidência do Brasil.



Por um lado, os liberalistas, representados pelo empresariado nacional, e militares, defendiam a abertura da economia nacional ao capital estrangeiro e adoção de medidas monetaristas que controlariam as atividades econômicas e os índices inflacionários. Por outro, os nacionalistas, que contavam com trabalhadores e representantes de esquerda, eram favoráveis a um projeto de desenvolvimento que contava com a participação maciça do Estado na economia e a rejeição ao capital estrangeiro.



Dada essa explanação, perceberemos que liberalistas e nacionalistas tinham opiniões diferentes sobre o destino do país e, até mesmo, antagonizavam em alguns temas e questões. Dessa forma, Vargas teria a difícil missão de conseguir se equilibrar entre esses dois grupos de orientação política dentro do país. Mais uma vez, sua função mediadora entre diferentes setores político-sociais seria colocada à prova.



As ações polêmicas do governo



Entre as principais medidas por ele tomadas, podemos destacar a criação de duas grandes estatais do setor energético: a Petrobrás, que viria a controlar toda atividade de prospecção e refino de petróleo no país; e a Eletrobrás, empresa responsável pela geração e distribuição de energia elétrica. Além disso, Vargas convocou João Goulart para assumir o Ministério do Trabalho. Em um período de intensa atividade grevista, João Goulart defendeu um reajuste salarial de 100%.

Trabalhadores comemoram o aumento do salário mínimo


Todas essas medidas tinham forte tendência nacionalista e foram recebidas com tamanho desagrado pelas elites e setores do oficialato nacional. Entre os principais críticos do governo, estava Carlos Lacerda, membro da UDN, que por meio dos órgãos de imprensa acusava o governo de promover a “esquerdização” do Brasil e praticar corrupção política. Essa rixa entre Vargas e Lacerda, ganhou as páginas dos jornais quando, em agosto de 1954, Carlos Lacerda escapou de um atentado promovido por Gregório Fortunato, guarda pessoal do presidente.



O suicídio de Vargas



A polêmica sob o envolvimento de Vargas no episódio serviu de justificativa para que as forças oposicionistas exigissem a renúncia do presidente. Mediante a pressão política estabelecida contra si, Vargas escolheu outra solução. Na manhã de 24 de agosto de 1954, Vargas atentou contra a própria vida disparando um tiro contra o coração. Na carta-testamento por ele escrita, Getúlio denunciou sua derrota perante “grupos nacionais e internacionais” que desprezavam a sua luta pelo “povo e, principalmente, os humildes”.



Depois dessa atitude trágica, a população entrou em grande comoção. Vargas passou a ser celebrado como um herói nacional que teve sua vida ceifada por forças superiores à sua luta popular. Com isso, todo grupo político, jornal e instituição que se pôs contra Getúlio Vargas, sofreu intenso repúdio das massas. Tal reação veio a impedir a consolidação de um possível golpe de estado. Dessa forma, o vice-presidente Café Filho assumiu a vaga presidencial.


Governo Juscelino Kubitschek


Quando Juscelino Kubitschek e João Goulart venceram as eleições presidenciais de outubro de 1955 - respectivamente para presidente e vice-presidente -, houve uma divisão das Forças Armadas, pois a chapa vitoriosa era constituída por dois candidatos getulistas, o mineiro Juscelino Kubitschek e o gaúcho João Goulart.



Em 11 de novembro o então general Lott desencadeou o movimento militar, dito de "retorno ao quadro constitucional vigente". Houve então a declaração do impedimento do presidente em exercício, Carlos Luz (Café Filho havia sofrido um infarto e afastara-se da presidência), a entrega de seu cargo ao presidente do senado Nereu Ramos e a garantia da posse dos eleitos, em obediência à Constituição.

Juscelino Kubitschek  após a situação política ter tomado seus caminhos (tentativa de golpe da UDN (União Democrática Nacional) e dos militares), rapidamente JK colocou em ação o Plano de Metas e a construção de Brasília, transferindo a capital do Brasil da cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Sendo assim, abordaremos os principais feitos realizados por JK durante o seu governo como presidente (1955-1960).



O Plano ou Programa de Metas (31 metas) tinha como principal objetivo o desenvolvimento econômico do Brasil, ou seja, pautava-se em um conjunto de medidas que atingiria o desenvolvimento econômico de vários setores, priorizando a dinamização do processo de industrialização do Brasil.



O desenvolvimentismo econômico que o Brasil viveu durante o mandato de JK priorizou o investimento nos setores de transportes e energia, na indústria de base (bens de consumos duráveis e não duráveis), na substituição de importações, destacando a ascensão da indústria automobilística, e na Educação. Para JK e seu governo, o Brasil iria diminuir a desigualdade social gerando riquezas e desenvolvendo a industrialização e consequentemente fortalecendo a economia. Sendo assim, estava lançado seu Plano de Metas: “o Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.



Para ampliar o desenvolvimentismo econômico brasileiro, JK considerava impossível o progresso da economia sem a participação do capital estrangeiro. Para alcançar os objetivos do Plano de Metas era necessária uma intervenção maior do Estado na economia, priorizando, então, a entrada de capitais estrangeiros no país, principalmente pela indústria automobilística. Ressalta-se que nesse período o Brasil iniciou o processo de endividamento externo.



Os setores de energia e transporte foram considerados fundamentais para o desenvolvimentismo econômico, ressalta-se a importância do governo Vargas neste processo, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda-RJ no ano de 1946 e da Petrobras no ano de 1953. Outros setores que ganharam relevância foram o agropecuário; JK procurou aumentar a produção de alimentos e o setor energético, construindo as usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso no rio São Francisco e as barragens de Furnas e Três Marias.



Contudo, tais mudanças empreendidas por JK ocasionou a acentuação da industrialização do país com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) anual em 7%, mas não superando a inflação da dívida externa. A industrialização do país se efetivou basicamente na região sudeste, destacando neste momento a grande migração nordestina para esta região.



Após analisarmos alguns pontos do Plano de Metas, focaremos a outra promessa de campanha efetivada por JK: a construção de Brasília e a transferência da capital federal. Em fins de 1956, depois de o Congresso Nacional ter aprovado a transferência da capital, iniciaram-se as obras da construção de Brasília. A nova capital do Brasil teria um moderno e arrojado conjunto arquitetônico realizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O Plano Piloto da cidade foi desenvolvido pelo urbanista Lúcio Costa.



Juscelino Kubitschek não foi o primeiro a falar sobre a possiblidade da transferência da capital do Brasil, desde 1891 a Constituição Federal, no seu artigo 3º, já almejava a transferência. Na última década do século XIX, mas precisamente no ano de 1894, foi nomeada uma comissão que visitou e demarcou a área do futuro Distrito Federal no Planalto Central. Essa comissão ficou conhecida como Missão Cruls em referência ao astrônomo belga Luiz Cruls que a chefiava.



A interiorização da capital federal já era um sonho de muitos brasileiros anteriores a JK, mas foi Juscelino que efetivou a transferência da capital. Acostumado a lidar com projetos arrojados, JK deu a ordem para o início da construção de Brasília, os trabalhos tiveram início no final de 1956. A nova capital foi inaugurada no ano de 1960.



A construção da nova capital se configurou como uma grande meta a ser cumprida. Brasília somente pôde ser efetivada a partir da grande vontade de JK, e também pelo empenho dos trabalhadores que a construíram, grande parte se constituía de migrantes da região nordeste do Brasil. Os trabalhadores que a construíram tornaram seus primeiros moradores, ficando conhecidos como “Candangos”.



Com Juscelino Kubitschek, o interior do Brasil passou a ser visto como espaço de possibilidades, como parte integrante da civilização brasileira.


Governo Jânio Quadros


Jânio da Silva Quadros sucedeu ao Presidente Juscelino Kubitschek. Foi eleito em outubro de 1960 com uma expressiva vitória. Mas seu governo durou poucos meses, provocando uma crise política, que culminaria mais tarde no Golpe Militar.



Nesta eleição, em 1960, os principais nomes para a disputa foram: Marechal Teixeira Lott pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), tendo como vice João Goulart; Ademar de Barros, político forte em São Paulo e um candidato populista inovador, Jânio Quadros.



Jânio obteve o apoio da UDN (União Democrática Nacional)  e alcançou êxito com um discurso de moralização. Ao final do governo de JK, o país enfrentava sérios problemas advindos da chamada política desenvolvimentista. A inflação atingia 25% ao ano e a dívida externa era exorbitante.



Com o slogan “varre, varre, vassourinha, varre,  varre a bandalheira”, Jânio empolgou a população, prometendo acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. Para ganhar ainda mais simpatia dos eleitores, o candidato costumava andar com roupas amassadas e carregar sanduíche de mortadela nos bolsos.



Jânio Quadros venceu com mais de 6 milhões de votos. Entretanto, o vice-presidente eleito foi João Goulart. A Constituição de 1946  previa a votação para Presidente e vice, separadamente. Vale lembrar, que os dois candidatos representavam partidos e ideias diferentes.



Jânio foi o primeiro Presidente da República a tomar posse na nova capital do país, Brasília, e de lá governaria o país. Era a primeira vez, também, que um candidato apoiado pela UDN alcançava o cargo.



Seu governo foi muito contraditório. A começar pelos seus apoios políticos, que representavam a elite do país, ou seja, aquela classe social que sempre foi alvo das críticas de Jânio. Na política internacional, dizia combater o comunismo, mas chegou a condecorar um dos líderes da Revolução Socialista Cubana, Ernesto “Che” Guevara, com a Medalha Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961.



Na área econômica, Jânio foi conservador, adotando à risca as medidas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Congelou salários, restringiu créditos e desvalorizou a moeda nacional, o Cruzeiro, em 100%. Porém, nenhuma destas medidas foi suficiente para acabar com a inflação alta.



O que ocorreu foi um descontentamento da população, iludida com os discursos inflamados do candidato e, posteriormente, decepcionada com o novo Presidente, que chegou a proibir o uso de biquínis nas praias, , a realização de rinhas de galo, limitou as corridas de cavalo para os fins de semana e proibiu o uso de lança-perfume. Os apoios políticos a Jânio também se desfizeram, inclusive da UDN e de seu maior representante, o jornalista Carlos Lacerda.



No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda foi à televisão denunciar um possível golpe que estaria sendo articulado pelo Presidente Jânio Quadros. No outro dia, o Brasil se surpreendeu com o pedido de renúncia de Jânio. Ele afirmava em carta ao Congresso que “forças terríveis” o haviam levado a tomar aquele gesto.



Porém, acredita-se que Jânio imaginou um “espetáculo de renúncia”, o qual mobilizaria a população em seu favor e ele voltaria ao poder muito mais fortalecido. Mas isto não aconteceu. O Congresso de pronto aceitou sua saída do cargo. Assumiu interinamente a direção do país o Presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, até a volta do vice João Goulart, que fazia uma visita oficial à China.


Governo João Goulart


O governo de João Goulart foi um dos mais atribulados da história da República Brasileira, pois foi marcado por conspirações militares, desajuste econômico com altíssima inflação, tentativa de aplicação de reformas de base, aproximação com as esquerdas que almejavam a via revolucionária, entre outros acontecimentos. João Goulart esteve no poder de setembro de 1961 a abril de 1964, mês em que foi efetivamente afastado do poder por uma articulação civil-militar. Esse evento foi denominado por alguns como “Golpe de 1964” e por outros como “Revolução de 1964”.



De agosto para setembro de 1961, ocorreu a renúncia do presidente Jânio Quadros, que protagonizara um governo permeado de excentricidades. O vice-presidente eleito, João Goulart, deveria, de pronto, assumir a presidência do país. Entretanto, Goulart (também conhecido pelo apelido Jango) encontrava-se, nessa ocasião, na República Popular da China, que então já era uma ditadura de viés comunista. Representantes de setores civis e militares do Brasil acreditavam que a volta de Goulart para assumir o poder resultaria na brecha para que houvesse uma revolução comunista em solo brasileiro.



Antes de Goulart conseguir voltar ao Brasil, a chefia do país foi confiada a Ranieri Mazzilli, então presidente da Câmara dos Deputados. Nessa ocasião, houve a chamada “Batalha da Legalidade”, isto é, enquanto alguns ministros militares, contrários à posse de Jango, queriam vetar sua volta ao Brasil, outros militares, como o general Machado Lopes, queriam garantir a posse. Leonel Brizola (à época governador do Rio Grande do Sul e cunhado do presidente) articulou-se com militares que também queriam a posse de Jango, criando um esquema de proteção em torno da figura do presidente. A solução para esse impasse foi dada pelo Congresso Nacional, ao transformar o regime presidencialista em parlamentarista.



Com o regime parlamentarista, Goulart ficou com força política restrita, mas acabou sendo empossado presidente em 07 de setembro de 1961. O ano seguinte, 1962, foi marcado pela realização das eleições para os Estados e para o Congresso e, junto a elas, a acentuação das divergências politicas, que se concentravam tanto nos principais partidos, PSD, PTB e UDN, quanto em outras organizações, como a Escola Superior de Guerra (ESG) e a UNE (União Nacional dos Estudantes). Em 1963, ocorreu a volta ao regime presidencialista por meio de um plebiscito que indagava os cidadãos a respeito do “sim” ou do “não” ao regime em voga. Cerca de 9,5 milhões, de quase 12,5 milhões de pessoas que voltaram, disseram não, e Goulart voltou a ter o poder centralizado no Executivo.



O governo de Goulart procurou compor um quadro administrativo com nomes como San Tiago Dantas, Celso Furtado, Almino Afonso e Amauri Kruel. Com essa organização, o governo procurou promover um plano trienal para combater a inflação e acelerar o crescimento econômico. Entretanto, o governo enfrentava também outros problemas, como as ondas de greves e as insubordinações militares. Além disso, houve a tentativa de promoção das Reformas de Base, como a Reforma Agrária, tentativa essa que atraiu a atenção das camadas revolucionárias da esquerda, que viam nas reformas a possibilidade de radicalização. Atraiu também a atenção de militares e civis conservadores que se colocavam veementemente contra.



O programa de implementação dessas reformas gerou uma grande tensão sobre o fato de Goulart ajustar-se ao esquema comunista ou não. Mesmo que não estivesse envolvido com o programa revolucionário comunista, estaria o presidente atraindo para si poderes fora da normalidade e da legalidade, isto é, tornando-se uma espécie de “caudilho populista”?



Alguns autores rejeitam a hipótese de que pudesse haver uma revolução comunista no Brasil durante o governo de Jango. Outros, contrariamente, sustentam que essa realidade era bem possível. A despeito das discussões acaloradas a esse respeito, é fato que Goulart, a um só tempo, tentou ajustar-se ao reformismo populista/trabalhista ao associar-se às posições de Leonel Brizola e houve amplo espaço às aspirações da esquerda, que se constituía em blocos complexos (e quase sempre heterogêneos), indo desde os comunistas ortodoxos, ligados ao PCB, à URSS e à Cuba, passando por militares que se insurgiam contra a hierarquia das Forças Armadas e chegando até as ligas de camponeses que almejavam a distribuição de terras via revolução armada, com expropriação de latifúndios, etc.



O mês de março de 1964 foi crucial. No dia 13, Goulart proferiu o famoso discurso na Central do Brasil, comprometendo-se, diante de uma população de 150 mil pessoas, a cumprir o programa de reformas proposto. No dia 19, houve a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reivindicava uma reação militar contra uma iminente revolução comunista no Brasil. Essas posições intensificaram-se nos dias seguintes, inclusive dentro das próprias Forças Armadas. Havia os setores do exército que estavam dispostos a defender o governo e aqueles que pretendiam alijar Goulart do cargo de presidente.



Goulart, percebendo uma iminente situação de “queda de braço” dentro das Forças Armadas, tentou aliar-se a sargentos para que pudessem sustentá-lo no poder, passando assim por cima da autoridade dos oficiais. O general Olímpio Mourão Filho, em 31 de março, pôs-se em marcha com suas tropas, de Juiz de Fora, Minas Gerais, em direção ao Estado da Guanabara, no Rio de Janeiro, onde o presidente se encontrava. A tensão era enorme e a possibilidade de uma guerra civil também. Goulart, que antes contava com o apoio de uma parte significativa do exército, acabou percebendo que não havia mais como permanecer no poder Jango partiu do Rio de Janeiro para Brasília e de Brasília para o Rio Grande do Sul, de onde, enfim, rumaria para o Uruguai, como exilado político.
 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Tenentismo









O Tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar, e à série de rebeliões de jovens oficiais de baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920, descontentes com a situação política do Brasil. Propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.

Os movimentos tenentistas foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922, a Revolução de 1924 a Comuna de Manaus de 1924 e a Coluna Prestes.

A sucessão ao governo estadual de Pernambuco, onde houve a intromissão de Hermes da Fonseca e sua consequente prisão, precipitaram a revolta do Forte de Copacabana em 1922. Tal movimento não possuía uma proposta definida, tendo conteúdo mais corporativista, de defesa da instituição militar. Deflagrava-se o Tenentismo.

O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura política do país, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, representada na Política do café com leite. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas de poder no país.

O Movimento Tenentista surgiu nos quartéis espalhados em todo território nacional a partir da década de 1920. Segundo Paulo Assiz Pinheiro em "Estratégias da Ilusão" em 5 de julho de 1922 ocorre a primeira revolta que tem uma forte influência dos tenentes, conhecida como os 18 do Forte, que se opunha à posse do presidente eleito Arthur Bernardes. Os revoltosos, além de contestarem as bases da República Velha também estavam inconformados com a demissão do Marechal Hermes da Fonseca da presidência do clube militar.

Revolta dos 18 do Forte de Copacabana

A Revolta dos 18 do Forte, também conhecida como Revolta do Forte de Copacabana foi iniciada em 5 de julho de 1922 e encerrada no dia seguinte, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Foi a primeira revolta do movimento tenentista, no contexto da República nova brasileira.

Segundo a tradição, foi concluída com uma marcha heróica feita por 17 militares e 1 civil que reivindicavam o fim das oligarquias do poder , combatendo 3000 homens das forças governamentais.

O levante, que foi planejado com proporções muito maiores, teve como motivação buscar a queda da República Velha, cujas características oligárquicas atreladas ao latifúndio e ao poderio dos fazendeiros se opunham ao ideal democrático vislumbrado por setores das forças armadas, em especial de baixa patente como tenentes, sargentos, cabos e soldados.

evento considerado o estopim para a revolta teve origem na disputa eleitoral de 1921 para o cargo de presidente da república. Durante o período, cartas ofensivas ao Exército e ao Marechal Hermes da Fonseca,3 supostamente assinadas pelo candidato Arthur Bernardes tornaram-se públicas.

Isso resultou em discussões que culminaram com fechamento do Clube Militar e a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, então seu presidente4 , no dia 2 de julho5 .

O descontentamento entre os militares era crescente. Diversas unidades do Rio de Janeiro se organizaram para realizar um levante no dia 5 de julho de 1922 contra o presidente em exercício Epitácio Pessoa (representante da oligarquia que dominava o país) e Arthur Bernardes que assumiria o cargo em novembro.

No entanto, apenas o Forte de Copacabana, localizado na ponta direita da praia de Copacabana, sob comando do Capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal, e a Escola Militar se revoltaram, e foram, dessa forma, facilmente combatidos. Apesar da posição contrária à política café-com-leite, os militares de alta patente acabaram por não aderir ao movimento. A informação chegara até o governo que tratou de trocar os principais comandos militares da capital.

Durante toda a manhã do dia 5, o forte sofreu bombardeio da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, que fica do lado oriental da barra da Baía de Guanabara, mas os 301 revolucionários (oficiais e civis) mantiveram-se firmes até que, as 4h da manhã do dia 6 , Euclides Hermes e o tenente Siqueira Campos sugeriram que desistissem da luta aqueles que quisessem: apenas 29 decidiram continuar.

Para tentar uma negociação, o Capitão Euclides Hermes saiu da fortaleza, mas acabou preso.

Os 28 restantes continuaram resistindo. Repartiram a bandeira em pedaços, guardando o do Capitão Euclides Hermes , e marcharam pela Avenida Atlântica em direção ao Leme. Alguns, porém, se dispersaram.

Apenas 17 militares continuaram e partiram em marcha em direção ao Leme e a eles se juntou um civil, Otávio Correa. Eles foram finalmente derrotados em frente à Rua Barroso (atual Siqueira Campos), na altura do Posto 3 de Copacabana.

Debelada a revolta ressurge o movimento armado em 5 de julho de 1924 em São Paulo. O qual consegue dominar a capital do estado e é dirigido pelo General Isidoro Dias Lopes. Essas tropas tenentistas retiram-se da capital de São Paulo, mas de armas na mão. Percorrem todo o interior do Brasil, no Rio Grande do Sul receberam a adesão de novos sublevados, como a do Capitão Luís Carlos Prestes. Quando passaram pela Paraíba enfrentaram as tropas do Padre Aristides Ferreira da Cruz, chefe político de Piancó, o qual é derrotado e assassinado. A esta altura participam entre outros, Djalma Soares Dutra, Juarez Távora, Cordeiro de Farias, João Alberto e Miguel Costa. Na sua maioria eram tenentes ou patentes mais graduadas.

A Coluna Prestes, como passou a ser chamada, após dois anos de luta enfrentando tropas governistas e tropas de Polícias Estaduais, além de “Provisórios” armados às pressas no sertão do nordeste. Passaram dois anos, sempre se deslocando de um lugar para outro e terminaram se internando na Bolívia.

O Tenentismo passa a participar da Aliança Liberal em 1929 com exceção de Luís Carlos Prestes. A Aliança Liberal era formada pelos presidentes de Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. A Aliança pregava a justiça trabalhista, o voto secreto e o voto feminino.

O Tenentismo em sua grande maioria apoiou este movimento e, depois da vitória e posse de Getúlio Vargas, vários tenentes se tornaram interventores. Luís Carlos Prestes não apoiou o movimento de 1930 pois aderira ao comunismo em maio daquele ano. Siqueira Campos que seria um dos líderes falecera em acidente aéreo também em 1930. Este foi o caso de Juracy Magalhães na Bahia, Landri Sales no Piauí, Magalhães Almeida no Maranhão e Magalhães Barata no Pará, entre outros. O Tenentismo continua presente na vida pública nacional, mas tem uma divisão nessa época, uma minoria acompanha Luís Carlos Prestes e em 1937 a outra divisão no tenentismo, uma parte rompe com o Presidente Getúlio Vargas e passa para a oposição, é o caso de Juracy Magalhães, Juarez Távora, Eduardo Gomes, que se distanciam do poder. Alguns deles como Newton de Andrade Cavalcanti e Ernesto Geisel participaram da deposição de Getúlio Vargas em 1945.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Era Vargas




Em 1930, findou o período da República Velha e iniciou-se a Era Vargas. Getúlio Vargas foi uma figura singular na história do Brasil. Provocou e continua provocando discussões longas e apaixonadas. Para uns ele foi um ditador cruel; para outros, o maior estadista brasileiro.

No Brasil, até 1930, o candidato à Presidência da República que vencia as eleições era sempre um aliado do presidente anterior. Candidatos de oposição não tinham vez, pois o voto não era secreto e era muito fácil alterar o resultado das urnas.
Washington Luís

Em 1930, o presidente da República era Washington Luís, que havia governado o estado de São Paulo de 1920 a 1924. Em 1926, chegou à Presidência, apoiado por Artur Bernardes, Washington Luís deveria apoiar como sucessor um candidato também mineiro. Este seria Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, o presidente do estado de Minas Gerais (naquela época, os governantes dos estados não eram chamados governadores, como hoje). Porém, Washington Luís se recusou a apoiar Antônio Carlos, preferindo indicar o paulista Júlio Prestes, presidente do estado de São Paulo.


Antônio Carlos foi, então, buscar apoio entre os políticos descontentes com o domínio dos cafeicultores paulistas sobre o governo. Conseguiu a adesão de políticos do Rio Grande do Sul e da Paraíba, formando a Aliança Liberal.

Os políticos do Rio Grande do Sul indicaram Getúlio Vargas, que fora ministro da Fazenda de Washington Luís; os paraibanos indicaram João Pessoa. Formada a chapa, Getúlio Vargas tornou-se candidato à Presidência, tendo João Pessoa como vice. As lideranças políticas dos outros dezessete estados brasileiros apoiaram a chapa de Júlio Prestes e Vital Soares.

O movimento de 1930

Com a vitória de Júlio Prestes nas eleições de 1930, derrotando a candidatura de Getúlio Vargas, o governo permaneceu sob a influência dos cafeicultores paulistas. A única forma encontrada para retirar os paulistas do governo foi a violência: começou a ser articulado um movimento para derrubar o governo de Washington Luís e impedir a posse de Júlio Prestes.

Apesar de eleito, Júlio Prestes era considerado um presidente ilegítimo pelos eleitores de Vargas. Muita gente acreditava que a eleição fora manipulada pelo governo para impedir a vitória de Getúlio.

Os preparativos para o movimento uniram lideranças políticas jovens, como os gaúchos Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, José Antônio Flores da Cunha, Lindolfo Collor, João Batista  Luzardo, Maurício Cardoso e João Neves da Fontoura, e os mineiros Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos.

Além de derrubar o governo, esses políticos pretendiam reorganizar o Estado brasileiro. Receberam o apoio de líderes tenentistas, como Juarez Távora. Isidoro Dias Lopes, João Alberto e Miguel Costa. Esses militares acreditavam que um governo capaz de romper com o domínio paulista poderia também realizar algumas de suas reivindicações, por exemplo, a centralização do poder na figura do presidente da República.

O político Luís Carlos Prestes optou por um caminho mais radical, não apoiando o golpe contra Washington Luís. Declarou-se socialista, defendendo que a mera troca de governantes não atenderia às reais necessidades da população brasileira.

Parte da própria oligarquia cafeeira também apoiou o movimento, como os mineiros Artur Bernardes, Venceslau Brás, Afrânio de Melo Franco e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

O inesperado assassinato de João Pessoa estimulou adesões ao movimento, levando diversos setores do Exército a apoiá-lo. Em 3 de outubro sob a liderança civil de Getúlio Vargas e a chefia militar do coronel Góis Monteiro, começaram ações militares no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Nordeste.

O presidente Washington Luís recebeu um ultimato de oficiais-generais, exigindo sua renúncia. Como não renunciou, os militares determinaram sua prisão, no dia 24 de outubro. Os paulistas, arruinados economicamente pela crise de 1929, não ofereceram resistência.

Formou-se então uma junta provisória de governo, composta pelos generais Tasso Fragoso e João Mena Barreto e pelo almirante Isaías de Noronha, que em seguida nomeou Getúlio Vargas presidente do Brasil.

As eleições

Antes mesmo de ser derrubada pelo golpe de Estado de 1930, o oligarquia paulista já estava dividida. Em 1926, fazendeiros de café  e profissionais liberais descontentes com o governo paulista haviam fundado o Partido Democrático (PD). Defensores do voto secreto e das liberdades individuais, os membros de PD constituíram um bloco de oposição ao Partido Republicano Paulista (PRP), que no mesmo ano elegeu Washington Luís à Presidente da República.

O assassinato de João Pessoa

Em 1928, João Pessoa elegeu-se Presidente do estado da Paraíba. (...) Para enfrentar as dificuldades financeiras, (...) criou impostos sobre o comércio realizado entre o interior paraibano e o porto de Recife (...). Essa medida gerou grande descontentamento entre os fazendeiros do interior, como o coronel José Pereira Lima, chefe político do município de Princesa e com forte influência sobre a política estadual.

Após a derrota da chapa de João Pessoa nas eleições de 1930, o coronel  José Pereira, que apoiava Júlio Prestes, iniciou uma revolta em Princesa contra o governo estadual, sendo apoiado pelo governo federal. Ao mesmo tempo, no interior da Aliança Federal, ganhava força a proposta de deposição de Washington Luís por meio de um movimento armado. João Pessoa rejeitou essa solução. Naquele momento sua atenção concentrava-se no combate à Revolta de Princesa.

Nesse sentido, ordenou à polícia paraibana invadir escritórios e residências de pessoas suspeitas de receptar armamentos destinados aos rebeldes. Numa dessas invasões - na residência de João Dantas, aliado de José Pereira-, foram encontradas cartas íntimas trocadas entre Dantas e sua amante. As cartas foram publicadas pela imprensa alinhada ao governo estadual, provocando grande escândalo na sociedade paraibana. (...) No dia 26 de julho de 1930, em viagem ao Recife, João Pessoa foi assassinado com dois tiros desferidos por João Dantas, em uma confeitaria da capital pernambucana.


O assassinato provocou forte comoção no país. Os líderes da Aliança Liberal trasladaram (transportaram) o corpo para o Rio de Janeiro onde foi enterrado em meio a grande manifestação popular. Tal clima contribuiu para que os preparativos revolucionários se acelerassem, resultando na deposição de Washington Luís, em outubro, e na ascensão de Vargas ao poder, no mês seguinte.

Em setembro de 1930, a capital paraibana, até então denominada Cidade da Paraíba, foi rebatizada com o nome de João Pessoa.

Quando Getúlio Vargas tomou posse do Governo Provisório, em novembro de 1930, inaugurava-se um novo tipo de Estado no Brasil. A burguesia cafeeira havia sido afastada do poder, mas isso não queria dizer que ela deixara de exercer importante papel na sociedade, tanto do ponto de vista econômico como político.

A Revolução de 1930 veio de uma conjugação de fatores ligados aos interesses de diferentes setores da sociedade. Esses setores tinham em comum a oposição ao domínio exclusivo da oligarquia paulista e mineira.

O movimento de 1930 teve a adesão de fração da própria burguesia cafeeira, associada à burguesia não diretamente ligada à economia agrária.

Para se efetivar, o movimento contou com o apoio das camadas médias urbanas e dos militares do movimento tenentista e, para se legitimar, obteve a simpatia das classes populares urbanas.
Getúlio ao chegar no Palácio do Catete

Os primeiros momentos do Governo Provisório

Quando Getúlio Vargas assumiu a liderança política do país, passou a governar com poderes praticamente ditatoriais. Seu ministério era composto pelos chamados "tenentes civis", que haviam participado da revolução. Um dos ministérios mais importantes foi o então recém-criado Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, entregue ao gaúcho Lindolfo Collor. Esse ministério teve importante papel na política de Getúlio Vargas em relação aos trabalhadores, criando as leis trabalhistas.

Uma grande preocupação era a consolidação do poder revolucionário em todo o território nacional, controlando as forças políticas nos estados. Esse papel deveria ser exercido pelos tenentes, como interventores. Do sul ao norte, os tenentes, ou partidários da revolução, passaram a dominar as políticas locais. O Rio Grande do Sul, por exemplo, era governado por Flores da Cunha, que havia aderido à revolução desde seu início.

O Norte e o Nordeste estavam sob a influência do tenente Juarez Távora (conhecido como  "vice-rei do Nordeste), que entrou em acordo com a maioria das oligarquias locais.

A falta de um programa político coerente enfraquecia o movimento tenentista. Getúlio Vargas sabia tirar proveito disso, aumentando seu prestígio e poder pessoais. A crise do tenentismo aumentou quando os tenentes mais radicais entraram em choque com a oligarquia paulista.

O Movimento Constitucionalista de 1932

A fração da oligarquia paulista do Partido Democrático havia apoiado a revolução, mas entrou em choque com Getúlio Vargas quando este nomeou o tenente radical João Alberto como interventor de São Paulo.

Alguns tenentes liderados pelo general Miguel Costa haviam organizado a chamada Legião Revolucionária João Alberto valeu-se da Legião para acabar com a influência da burguesia paulista na política local. Esse fato desencadeou atritos entre os tenentes e a oligarquia paulista. A forma de luta política encontrada por essa oligarquia foi exigir que Vargas convocasse eleições para uma assembléia constituinte.

O Partido Democrático rompeu com Getúlio Vargas, aliou-se ao velho Partido Republicano Paulista, o PRP, e formou a Frente Única Paulista, desencadeando uma campanha contra Getúlio e os tenentes entraram em choque com membros da Legião Revolucionária, de João Alberto, quando morreram quatro jovens: Martins Miragaia Dráusio e Camargo, o que deu origem à sigla MMDC.

No dia 9 de julho de 1932, São Paulo declarou-se em guerra contra Getúlio e o governo federal. Apesar de seu poderio econômico, São Paulo ficou isolado.
São Paulo enfrentou esses quase noventa dias de luta contra as forças getulistas, insuflou sua gente a uma arrecadação de fundos para sustento da Revolução. Foi a inesquecível campanha de "Ouro para o bem de São Paulo"
Muitos doaram suas alianças de casamento, por não ter nenhuma outra peça de ouro para dar. 


Outros, mais ricos, chegavam a abrir mão de joias de grande valor, às vezes cravejadas de pedras preciosas. Os que aderiam à campanha recebiam um certificado com a inscrição "Doei ouro para o bem de São Paulo" ou um anel de metal com esta frase gravada.

Depois de três meses de luta, rendeu-se. Acabava, assim a chamada Revolução Constitucionalista de 1932.

A Constituinte de 1934

Quando a Aliança Liberal tomou o poder, em novembro de 1930, seu programa previa a convocação de uma assembléia constituinte. O primeiro passo foi dado em fevereiro de 1932, quando um novo código eleitoral foi anunciado. A nova legislação eleitoral propunha o estabelecimento do voto secreto, a idade de 18 anos e não mais 21, para o direito de voto, extensão desse direito à mulher. Os analfabetos continuaram sem o direito de voto.


A eleição da Assembléia Constituinte foi marcada para 3 de maio de 1933, e os grupos ligados às oligarquias venceram em quase todos os estados. Praticamente nenhum setor popular estava representado na nova Assembléia Nacional Constituinte. Havia, além das oligarquias, uma representação de quarenta deputados dos diversos setores profissionais, tanto patronais como de empregados. A primeira reunião da Assembléia deu-se em novembro de 1933. Alguns militares tentaram impedir a realização da Constituinte e dar um golpe de Estado, liderados pelo general Góis Monteiro, mas não houve apoio suficiente nos quartéis.

A Constituição de 1934 foi uma consequência direta da Revolução Constitucionalista de 1932. Com o fim da Revolução, a questão do regime político veio à tona, forçando desta forma as eleições para a Assembléia Constituinte em maio de 1933, que aprovou a nova Constituição substituindo a Constituição de 1891.
O objetivo da Constituição de 1934 era o de melhorar as condições de vida da grande maioria dos brasileiros, criando leis sobre educação, trabalho, saúde e cultura. Ampliando o direito de cidadania dos brasileiros, possibilitando a grande fatia da população, que até então era marginalizada do processo político do Brasil, participar então desse processo. A Constituição de 34 na realidade trouxe, portanto, uma perspectiva de mudanças na vida de grande parte dos brasileiros.
No dia seguinte à promulgação da nova Carta, Getúlio Vargas foi eleito presidente do Brasil. 

São características da Constituição de 1934:
1- A manutenção dos princípios básicos da carta anterior, ou seja, o Brasil continuava sendo uma república dentro dos princípios federativos, ainda que o grau de autonomia dos estados fosse reduzido;
2 – A dissociação dos poderes, com independência do executivo, legislativo e judiciário; além da eleição direta de todos os membros dos dois primeiros. O Código eleitoral formulado para a eleição da Constituinte foi incorporado à Constituição;
3 – A criação do Tribunal do Trabalho e respectiva legislação trabalhista, incluindo o direito à liberdade de organização sindical;
4- A possibilidade de nacionalizar empresas estrangeiras e de determinar o monopólio estatal sobre determinadas indústrias;
5- As disposições transitórias estabelecendo que o primeiro presidente da República fosse eleito pelo voto indireto da Assembléia Constituinte.
A Constituição de 1934 também cuidou dos direitos culturais, aprovando os seguintes princípios, entre outros: 


  • O direito de todos à educação, com a determinação de que esta desenvolvesse a consciência da solidariedade humana;
  • A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, inclusive para os adultos, e intenção à gratuidade do ensino imediato ao primário;
  • O ensino religioso facultativo, respeitando a crença do aluno;
  • A liberdade de ensinar e garantia da cátedra.


A "Questão Social" do governo Vargas

O movimento operário na década de 1920 foi marcado pela ação independente de anarquistas e comunistas. A "questão social", como era chamado o movimento operário, era tratada sempre com repressão e leis insuficientes para resolver os problemas cruciais dos trabalhadores. Resumindo, os governos pouco faziam para melhorar as condições dos trabalhadores.

Com o governo Vargas, a chamada "questão social" recebeu outro tratamento. O novo poder estava preocupado com os constantes movimentos grevistas que paralisavam a economia. Por essa razão, elaborou uma nova legislação social.  Além disso, Vargas percebeu nos  trabalhadores uma nova base de apoio político, capaz de contrabalançar a influência tradicional das oligarquias rurais. A política social foi uma das maiores preocupações do Estado instaurado em 1930.

A nova legislação trabalhista e social

Uma das primeiras inovações da Revolução de 1930 foi a criação do Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio em fins de 1930 e início de 1931.

Em março de 1931, foi divulgada a lei dos sindicatos pelo ministro do Trabalho, Lindolfo Collor. Pela nova lei, os sindicatos poderiam ter no máximo 1/3 de estrangeiros inscritos. Além do caráter nacionalista, a lei visava expulsar dos sindicatos os militantes italianos.

Os sindicatos passaram a ter um caráter assistencial, ficando proibidas as atividades políticas em suas sedes.

O objetivo da nova lei social e sindical era promover transformações nas condições dos operários, mas servia também para controlar as organizações tradicionais dos trabalhadores. O novo Estado percebeu a necessidade  de disciplinar o operariado para facilitar a acumulação do capital no setor industrial.

Em 1932, o trabalho feminino foi regulamentado e institui-se a jornada de oito horas. Com isso, não se trabalhariam mais de 12 ou 14 horas e haveria um dia de descanso remunerado por semana. Em 1934 foram criados os Institutos de Aposentadoria e Pensões. De uma forma ou de outra, as leis beneficiaram os trabalhadores.

A radicalização política

Durante o período do Governo Provisório (1930-1934), Vargas havia governado com poderes ditatoriais, dispensando os antigos mecanismos políticos da oligarquia. Em 1934, Vargas foi eleito presidente pela Assembléia Constituinte, cargo que deveria exercer até 1938, quando haveria novas eleições. Mas o quadro político e social dos primeiros anos da década foram bastante agitados,  ameaçando o futuro desse programa político.

As atividades da esquerda agitaram o movimento operário, desafiando as leis trabalhistas. O Partido Comunista, apesar de se encontrar na clandestinidade, organizou um movimento legal, chamado Aliança Nacional Libertadora, que congregava diversos setores da esquerda e progressistas em geral.




A Aliança Nacional Libertadora (ANL) contou com a simpatia do operariado, de intelectuais, de oficiais do exército ligados à esquerda do tenentismo, de comunistas e de líderes sindicais. O programa político da Aliança propunha o fim do latifúndio, um salário mínimo, fim da dívida externa, nacionalização das empresas estrangeiras. A fundação oficial da ANL deu-se em março de 1935, no teatro João Caetano do Rio de Janeiro, e seu presidente de honra foi o comunista Luís Carlos Prestes. O número de seus militantes cresceu rapidamente, deixando as autoridades do governo preocupadas. Membros do Partido Comunista começaram a preparar-se para um levante armado, com o objetivo de derrubar o governo Vargas.

A direita mais conservadora e reacionária organizou-se no movimento integralista, liderado por Plínio Salgado. Inspirando-se no fascismo italiano, Plínio criou a Ação Integralista Brasileira, a AIB, em 1932. De caráter fortemente nacionalista e anticomunista, o integralismo teve apoio da classe média, de militares, de policiais e do clero. Seus militantes usavam camisas verdes e freqüentemente entravam em choque com militantes operários comunistas.


Saudação e simbolismo inspirados no Nazismo e Fascismo


O Levante de 1935

Diante do crescente clima de agitação social e política, Getúlio Vargas solicitou ao Congresso Nacional a aprovação da Lei de Segurança Nacional. Por essa lei, o movimento sindical independente começou a ser perseguido, com a prisão de vários de seus dirigentes. A Aliança Nacional Libertadora teve suas atividades proibidas. Iniciava-se uma violenta repressão aos movimentos populares.


Parte dos militantes da ANL passaram a atuar na clandestinidade, preparando-se para o levante armado.


O levante começou, inesperadamente e com uma organização incipiente (início,princípio), no dia 23 de novembro de 1935, num quartel do exército em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Soldados e sargentos militantes da ANL depuseram o governador e instauraram um governo revolucionário de esquerda. O movimento ficou isolado e foi controlado pelas forças do governo no dia 25 de novembro.
Quartel da Salgadeira  ficou praticamente destruída.


No Rio de Janeiro, o capitão Agildo Barata tentou levantar o 3º Regimento de Infantaria, mas foi facilmente controlado pelas forças de Vargas. Imediatamente Getúlio Vargas decretou o estado de sítio. Isso significa que qualquer manifestação política contrária ao regime seria violentamente reprimida. Em dezembro de 1935, Filinto Müller, chefe da polícia, recebeu plenos poderes para iniciar a repressão a qualquer movimento de caráter político ou sindical. O caminho para a instauração de uma ditadura estava aberto.

O golpe do Estado Novo

Tropas da polícia especial de Filinto conduz Prestes preso
No fim de 1935 e começo de 1936, havia um clima de golpe. Getúlio Vargas tinha planos de continuar no poder e para isso contava com o apoio de seus mais íntimos generais e ministros. O levante militar da ANL(Aliança Nacional Libertadora) era uma justificativa para endurecer o regime. Os meios de comunicação, especialmente os jornais, chamavam o levante de Intentona Comunista (Intento insano, conspiração). Isso assustava as camadas médias e os proprietários, que temiam o comunismo.
Jornal noticiando a expulsão de Olga Benario Prestes

Em março de 1936, foi decretado o estado de guerra, o que aumentava ainda mais o poder do Executivo. A Constituição de 1934, na prática, já não vigorava. Mesmo sob esse clima de insegurança política e de praticamente nenhuma liberdade, continuavam os preparativos para a eleição do próximo presidente da República. As eleições deveriam ocorrer em 1938, e os candidatos eram Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, e o "tenente civil" e político paraibano José Américo de Almeida. Getúlio Vargas, com grande habilidade política, não apoiava nenhum candidato, mas às vezes dava a impressão de que José Américo de Almeida seria o candidato oficial.

Enquanto se fazia a campanha presidencial, as prisões e os processos prosseguiam. O procurado líder comunista Luís Carlos Prestes foi preso juntamente com sua mulher Olga Benário. No dia 5 de março de 1936, outros líderes comunistas estrangeiros tiveram a mesma  sorte. Um deles, Alain Baron, apareceu morto na delegacia e, segundo a versão da polícia, havia se suicidado. O tratamento dispensado aos prisioneiros foi brutal: torturas, assassinatos disfarçados de suicídio, prisões e maus-tratos.

A direita se fortaleceu com o fracasso do levante. O Movimento Integralista ajudava na repressão ao movimento operário. A campanha presidencial continuava. Flores da Cunha, o líder político mais expressivo do Rio Grande do Sul, apoiava a candidatura de Armando de Sales Oliveira, que contava com a simpatia de várias correntes liberais e era articulada pelo jornal O Estado de São Paulo. O clima político ficou ainda mais confuso quando os integralistas lançaram a candidatura de Plínio Salgado para a presidência.

Getúlio Vargas, ao mesmo tempo que reprimia os movimentos de esquerda e controlava os sindicatos, fazia mais concessões aos trabalhadores, aumentando assim sua popularidade, o que de certa forma iria ajudá-lo a dar o golpe de Estado. No entanto, era necessária uma justificativa para o golpe.



O golpe de 1937 (Plano Cohen)

Todas as condições para o desfecho de um golpe de Estado estavam dadas. Faltava somente uma razão mais imediata para que o fato se consumasse. A justificativa para o golpe se deu em setembro de 1937, quando foi denunciado um plano de ação comunista para tomada do poder. Esse plano, que ficou conhecido como Plano Cohen, fora forjado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, militante integralista e ligado aos generais de Getúlio.

O presidente Vargas pediu mais poderes e um novo estado de guerra. Os velhos liberais, que até aquele momento haviam apoiado Getúlio, tentaram impedir a concentração de poderes do presidente. Mesmo assim, o Congresso aprovou o pedido de Getúlio. Imediatamente, alguns liberais, como Flores da Cunha, fugiram do país temendo ser presos. A campanha presidencial ficou paralisada. Armando de Sales tentou fazer um último apelo aos militares, mas isso foi inútil, pois eles estavam comprometidos com o golpe. Na manhã de 10 de novembro de 1937, as tropas cercaram e fecharam o Congresso Nacional. Getúlio Vargas foi para a rádio e falou à nação, justificando o golpe: "O homem de Estado, quando as circunstâncias impõem uma decisão excepcional, de amplas repercussões e profundos efeitos na vida do país, não pode fugir ao dever de toma-la"...". Estava nascendo o Estado Novo, ditadura que deixou Getúlio mais oito anos na presidência. A instauração desse Estado forte foi baseada em uma nova constituição, elaborada pelo jurista Francisco de Campos. A Constituição do Estado Novo ficou conhecida como "a polaca", pois se inspirava na continuação autoritária da Polônia.

A ação integralista de Plínio Salgado havia apoiado o golpe do Estado Novo de Getúlio. No entanto, o sistema autoritário de Vargas não permitia a existência de partidos políticos, mesmo de direita. Por isso impediu o funcionamento do partido de Plínio Salgado. Setores mais exaltados do grupo de Plínio reagiram contra a medida de Vargas. Em maio de 1938, os integralistas tentaram tomar de assalto o palácio presidencial, onde se encontrava Vargas e sua família. O ditador e seus familiares reagiram de revólver em punho contra os integralistas, até a chegada da polícia e do Exército. Plínio Salgado precisou fugir do país.

O fim do Estado Novo e o Queremismo

A guerra dos Aliados contra o nazi-fascismo foi aproveitada pelos grupos liberais brasileiros para combater o fascismo interno do próprio Estado Novo. Combater a ditadura Vargas. Sentindo a onda liberal que tomava contra o país, Getúlio Vargas procurou liberar a abertura democrática. Em fevereiro de 1945, o governo fixou prazo para à próxima eleição presidencial. Concedeu anistia ampla a todos os condenados políticos. Soltou os comunistas que estavam na cadeia, entre os quais os líderes Luís Carlos Prestes. Permitiu a volta dos exilados ao país. Nesse ambiente de democracia, renascia a vida partidária. Foram organizados diversos partidos políticos como: UDN (União Democrática Nacional); PSD (Partido Social Democrático); PTB (Partido Trabalhista Brasileiro); PSP (Partido Social Progressista). Foi permitida a legalização do PCB (Partido Comunista do Brasil), que vivia na clandestinidade. Nas eleições presidenciais, marcadas para 2 de dezembro de 1945, concorreriam três candidatos: o general Eurico Eduardo Dutra (pelo PSD e PTB), que contava com o apoio de Vargas; o brigadeiro Eduardo Gomes (pela UDN); o engenheiro Yedo Fiúza (pelo PCB).

No decorrer da campanha eleitoral, Getúlio Vargas fazia um jogo político contraditório. Apoiava aparentemente o general Eurico Gaspar Dutra. Mas, às escondidas, estimulava um movimento popular que pedia sua permanência no poder. Era o queremismo, palavra derivada dos gritos populares de “Queremos Getúlio!”. O queremismo era impulsionado pelo PTB e pelo PCB. Aproveitando o momento de prestígio popular, Getúlio Vargas decretou, em Junho de 1945, a Lei Anti-truste, que dificultava as atividades do capital estrangeiro no Brasil. Essa lei provocou enorme reação das eleições presidenciais. Então, uniram força para derruba-lo da presidência. Em 29 de outubro de 1945, tropas do Exército cercaram a sede do governo (Palácio do Catete) e obrigaram Vargas à renúncia.
Cerco ao Palácio do Catete

 A presidência da República foi entregue temporariamente a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Era o fim do Estado Novo. Getúlio Vargas foi afastado do poder sem receber nenhuma punição política. Retirou-se tranquilamente para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul. Com o apoio político de Vargas, o general Dutra venceu as eleições presidenciais.