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As transformações econômicas e sociais da Idade Moderna, principalmente a Revolução Industrial e os progressos científicos, provocaram mudanças na maneira de pensar e de sentir dos europeus.
A Revolução Inglesa do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII foram conduzidas pela burguesia inglesa, o objetivo desses movimentos revolucionários era destruir as estruturas econômicas, sociais e políticas que sustentavam o Antigo Regime, tais como o direito divino dos reis, a política econômica mercantilista e o poder político da Igreja Católica.
A crise do Antigo Regime foi acompanhada por um conjunto de novas idéias filosóficas e econômicas que defendiam a liberdade de pensamento e a igualdade de todos os homens perante as leis. As idéias econômicas defendiam a prática da livre iniciativa. Esse movimento cultural, político e filosófico que aconteceu entre 1680 e 1780, em toda a Europa, sobretudo na França, no século XVIII, ficou conhecido como Iluminismo, Ilustração ou Século das Luzes.
Os iluministas caracterizavam-se pela importância que davam à razão. Somente por meio da razão, afirmavam ser possível compreender perfeitamente os fenômenos naturais e sociais. Essas idéias baseavam-se no racionalismo. Defendiam a democracia, o liberalismo econômico e a liberdade de culto e pensamento. Na verdade, o Iluminismo foi um processo longo do qual as transformações culturais iniciadas no Renascimento prosseguiram e se estenderam pelo século XVII e século XVIII.
Um
traço marcante dos iluminista era o otimismo. Eles acreditavam que, ao
espalhar-se entre os homens, a razão conduziria ao progresso.Com o tempo, a
ignorância, fruto da irracionalidade, desapareceria e teríamos então uma
humanidade esclarecida. Era a crença no progresso constante da humanidade que
os fazia otimistas. O triunfo da humanidade era para eles uma certeza. Por
acreditarem que o acesso ao conhecimento conduzia ao progresso e a felicidade,
os iluministas se encantavam com as descobertas cientificas.
Um sinal do progresso da humanidade seria o desaparecimento das fronteiras políticas e culturais e o surgimento de uma única cultura partilhada por todos os homens. Para os pensadores iluministas, as criações nacionais,ou seja, tudo aquilo que era típico de um determinado povo ou cultura, constituíam restos de um tempo de atraso e escuridão.
Da
noção iluminista de progresso deriva a idéia de civilização que tinham aqueles
pensadores. Civilização para eles, era o que os europeus haviam criado.Todos os
outros povos deveriam evoluir do estágio primitivo em que se encontravam para o
da civilização.Assim, os asiáticos e africanos vistos na Europa do século XVII
como “povos atrasados” poderiam alcançar a civilização entrando em contato com
os europeus. O progresso para os iluministas, era linear e ilimitado.
Parte
dos iluministas eram materialista, mas a maioria acreditavam em Deus e o
consideravam a “razão suprema”, e ou “relojoeiro de universo”, aquele que criou
o mundo e o pôs para funcionar como a engrenagem de um relógio em bom estado:
de modo preciso e regido por leis naturais. Conhecer essa leis eram sinal de
progresso. Quanto a vida social,os iluministas consideravam que era o homem o
responsável pelos males(as desigualdades,os conflitos e as guerras etc.),e era
também o homem que através de suas ações, iluminadas pela razão, iria pôr fim a
essas tragédias.
As idéias iluministas influenciaram movimentos como a Independência dos Estados Unidos, a Inconfidência Mineira e a Revolução Francesa.
O Iluminismo iniciou-se na Inglaterra, mais foi na França, que atingiu seu maior desenvolvimento. Foi na França que viveram os maiores pensadores iluministas, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e D´Alembert.
Principais filósofos iluministas:
(Clique no nome para saber mais sobre eles)
John Locke(1632-1704): filósofo inglês, autor de Ensaio sobre o Entendimento Humano, rejeitou o conceito de idéias inatas. Afirmava que a experiência é a base de todo o conhecimento. Combateu o absolutismo, negando a origem divina dos reis e afirmando que o governo nasce de um entendimento entre governantes e governados.
Locke parte da suposição que os homens no princípio dos tempos (estado de natureza) viviam em plena liberdade e igualdade entre si. Os homens, por conseguinte, nasciam livres, independentes e eram apenas governados pela sua própria razão. O único direito que reconhecem ( o direito natural) é o que os proibe de roubar ou destruir a vida, a liberdade e a propriedade de outros. Vendo a vantagem em se associarem para resolverem os seus conflitos de interesses e protegerem os seus direitos, estabelecerem um contrato social criando assim uma comunidade (sociedade organizada). Estes homens não eram nem maus (como afirmava Hobbes), nem bons (como defenderá depois Rousseau), mas apenas seres susceptíveis de serem aperfeiçoados. A função do governo, neste quadro, limitava-se a garantir o respeito pelos direitos naturais (a vida, a liberdade e os bens) dos cidadãos.
Voltaire(1694-1778): François-Marie Arouet, escritor francês, crítico do absolutismo e dos privilégios da Igreja e da nobreza. Por suas críticas, foi preso duas vezes, deixando a França e exilando-se na Inglaterra. Atraído pelas idéias de John Locke, escreveu as Cartas Inglesas, nas quais exalta a liberdade de pensamento, de religião e às instituições inglesas, criticando indiretamente a França.
Lutando contra o estado absolutista foi um grande defensor da liberdade de expressão. Baseava-se em sua convicção de que o poder devia ser exercido de maneira racional e benéfica.É dele a conhecida frase: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
Montesquieu(1689-1755): Charles Louis de Secondant, barão de Montesquieu. Considerado o pai do liberalismo burguês foi jurista, filósofo e escritor. Em sua principal obra O Espírito das Leis, expôs sua teoria da divisão do poder político em Poder Legislativo – elabora e aprova as leis; Poder Executivo – executa as leis e administra o país; Poder Judiciário – fiscaliza o cumprimento das leis. Suas idéias influenciaram a organização de praticamente todos os governos pós-Revolução Francesa.
Rousseau (1712-1778): filósofo francês, nascido na Suíça, foi o mais radical entre os iluministas. Ao contrário de Voltaire e Montesquieu, ele não foi porta-voz da burguesia e sim das camadas mais populares. Suas idéias contrariavam, por exemplo, um dos princípios centrais da sociedade burguesa - a propriedade privada. Segundo Rousseau, esta era a raiz da infelicidade humana, pois trazia consigo a desigualdade e a opressão do mais forte sobre o mais fraco. Suas principais obras foram: Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens e Contrato Social.
Democrata, defendeu a igualdade entre os homens; afirmava que o poder político emana do povo; exerceu grande influência na Revolução Francesa e na filosofia dos séculos posteriores.
Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717-1783): Diderot organizou a Enciclopédia,auxiliado pelo matemático D´Alembert, composta de 35 volumes e 2.885 ilustrações e que levou 21 anos para ser editada. Convidaram artistas, filósofos, cientistas, médicos, teólogos e artesãos, onde foram reunidos todos os conhecimentos da época. Transformou-se, por isso, em veículo das idéias do Iluminismo. Proibida pelas autoridades, por criticar os poderes estabelecidos, a Enciclopédia circulou clandestinamente, sua elaboração, iniciada em 1751, foi concluída em 1772.
Iluminismo na Economia
Além dos filósofos, o Iluminismo foi representado pelos economistas, que atacaram a intervenção do Estado nos assuntos econômicos, defendendo, portanto, a liberdade total nas atividades econômicas. Essa teoria econômica foi chamada de Fisiocracia idealizada por:
François Quesnay (1694-1774) afirmava que a economia era regida por leis, e a mais importante era a lei da oferta e da procura. Quando a oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar; quando ocorre o oposto, tende a subir. Adam Smith (1723-1790)
Sua principal obra foi A Riqueza das Nações escrita em
1776. As ideias de Adam Smith
tiveram uma grande influência na burguesia europeia do século XVIII, pois
atacavam a política econômica mercantilista promovida pelos reis absolutistas,
além de contestar o regime de direitos feudais que ainda persistia em muitas
regiões rurais da Europa. Para ele, a única fonte de riqueza era o
trabalho, e não a terra.
Tornou-se um dos principais teóricos do liberalismo econômico. Sua principal teoria baseava-se na ideia de que deveria haver total liberdade econômica para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver, sem a intervenção do Estado. A livre concorrência entre os empresários regularia o mercado, provocando a queda de preços e as inovações tecnológicas necessárias para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o ritmo de produção. David Ricardo(1772-1823). Considerado o mais legítimo sucessor de Adam Smith; Ricardo deu uma enorme contribuição à teoria do valor e da distribuição. Formulou a Lei dos Custos Comparativos (ou Lei das Vantagens Comparativas),com que procurou demonstrar a vantagem de um país importar determinados produtos, mesmo que pudesse produzi-los por preço inferior, desde que sua vantagem, em comparação com outros produtos, fosse ainda maior. Essa lei constitui ainda hoje uma parte importante da teoria do comércio internacional, abrindo a porta a todo o processo de globalização
Os Déspotas Esclarecidos
Com o avanço dos ideais iluministas que ganhavam cada vez mais adeptos e para impedir as desordens e as revoluções por parte dos setores descontentes da sociedade, alguns governantes europeus viram-se obrigados a realizar reformas socias e econômicas a fim de modernizar seus países, mas sem abrir mão do poder. Eram os chamados déspotas esclarecidos.
Os déspotas esclarecidos, como ficaram conhecidos os reis que aderiram as idéias iluministas, criaram uma legislação favorável ao comércio e à produção manufatureira, com o objetivo de fortalecer a burguesia, criaram escolas laicas (não religiosas), decretaram a liberdade de culto, a fim de reduzir os privilégios do clero católico.
Essas reformas duraram, normalmente, apenas o período correspondente ao governo de cada um dos monarcas, sendo anuladas pelos seus sucessores.
Os principais déspotas esclarecidos:
Frederico II , rei da Prússia (1712-1786): desenvolveu a agricultura, aboliu a tortura nos interrogatórios, fundou escolas e organizou um grande exército, expandindo seus domínios sobre territórios que antes pertenciam à Áustria e à Polônia.
Catarina II, czarina da Rússia (1762-1796): criou escolas e hospitais e esforçou-se por introduzir as idéias dos filósofos franceses em seu país.
José II, imperador da Áustria (1780-1790): reduziu o poder da Igreja, confiscando-lhe muitas terras. Libertou os servos, aboliu as obrigações feudais e organizou o exército.
Marquês de Pombal(1699-1782): ministro do rei Dom Jose I, de Portugal, Pombal expulsou os jesuítas do país, incentivou o comércio e as manufaturas e fortaleceu o poder real. Reformou o sistema de ensino, tirando as escolas do controle das ordens religiosas.
Conde de Aranda(1719-1798): ministro do rei Carlos III, da Espanha. Incentivou o desenvolvimento econômico do país e executou reformas administrativas que fortaleceram o poder real.
1. O que foi o Século das Luzes? 2. O que defendiam os iluministas ? 3. De acordo com os iluministas , o que seri o sinal de progresso? 4. Como seria o fim das tragédias. 5. Fale sobre as idéias de: a. John Locke b. Voltaire c. Montesquieu d. Rousseau 6. O que foi a Enciclopédia? 7. Fale sobre as idéias iluministas na Economia de: a. François Quesnay b. Adam Smith c. David Ricardo |
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Iluminismo
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